segunda-feira, 7 de maio de 2012

Uma palavra aos bachareis em teologia

Os dias que antecedem a formatura de um seminarista são marcados por profundas e expansivas expectativas. A cerimônia de formatura não é apenas o ato último que põe fim a uma jornada de quatro anos, mas também um “rito de passagem” que separa o velho e inaugura o novo, a atividade preparatória da atividade pastoral, para a qual é comum que o candidato se sinta despreparado e às vezes até inadequado. Mas, assim como os pássaros que num momento da sua existência precisam abandonar os ninhos e seguir por conta própria, o seminarista, após quatro anos de preparação, empreende sua própria jornada, incerta, exigente e necessária. Como pastores, sabemos perfeitamente o significado dessa experiência e o quanto ela é angustiante para aqueles que a vivenciam, por isso gostaríamos aqui de fazer aos queridos bacharéis em teologia algumas sugestões que consideramos importantes:

Não pensem de si além do que convém. Pelo fato de sermos educados num ambiente teológico pouco arejado, somos tentados a pensar que nossa teologia é um produto final e bem acabado que não mais necessita de reparos. Contudo, sejam honestos (e corajosos) para reconhecer que apesar dos livros lidos, dos sermões ouvidos, das reflexões instigantes há ainda muito que aprender. Um pensamento teologicamente maduro e equilibrado é aquele que se dá conta de que teologia não é ciência exata e nem se encontra pronta nas páginas da Bíblia; fazer teologia é  tentativa contínua de responder às demandas da vida com a Bíblia na mão.

Esqueçam essa ideia de que o desencanto com a vida cristã e a deserção de muitos seminaristas e pastores tenham a ver com a presença de uma teologia liberal nos seminários. Quem diz isso geralmente não oferece provas. O que é claramente perceptível é que a crise que se abate sobre seminaristas e pastores muitas vezes é fruto de uma fé imatura que acompanha jovens imaturos para seminário. A isso podemos ainda acrescentar as consequências de uma  visão mercadológica cada vez mais difundida nas igrejas, fomentando a ideia de que o sucesso ministerial é aferido pelo tamanho da igreja.

Façam opção de não serem medíocres. Leiam tudo o que é bom, aprendam a pensar e nunca critiquem um autor com base na crítica de outros, sem antes o terem lido atentamente. Lancem-se sobre os clássicos e façam deles seus melhores amigos e piores inimigos e nunca permitam que alguém se ache no direito de se colocar como juiz sobre o tipo de livro que deve ocupar lugar na sua estante. Aliás, nesse sentido vale a recomendação de Kafka:

“... os livros dos quais temos necessidade são os que caem sobre nós como a desgraça, que nos perturbam profundamente como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, como um suicídio. Um livro deve ser como uma picareta que rompa o mar de gelo que está dentro de nós.”

Não sejam ingênuos, a instituição eclesiástica também possui um submundo. Embora bem guardado por um superego, nos assustamos com as coisas tenebrosas que às vezes escapam: em nome do progresso do reino se oculta uma sede insaciável pelo poder, em nome da preservação da reta doutrina há a perpetuação de poucos nos altos cargos dos vários setores da instituição e, como se não bastasse, não poucas vezes o que move muitos “profetas” não é a comoção interna produzida pela voz divina, mas o próprio ventre insaciavelmente ganancioso.

Saibam que pastorear é promover a autonomia. Pessoas livres vivem melhor, amam mais a vida e são mais responsáveis. Não façam terrorismo religioso mas procurem mostrar às pessoas a face amorosa de Deus e que a vida é um presente que podemos desfrutar sem medo de ofender seu doador.

Finalmente, o pastorado realmente é um desafio, sobretudo, à integridade pessoal. Por isso é importante que aprendamos a pastorear a nós mesmos, para que a teologia não seja uma contínua defesa e imposição de um ponto de vista, para que os números não sejam a motivação pastoral, para que a engrenagem eclesiástica não esmague nossa humanidade e para que nosso trabalho seja sempre marcado pela honestidade, amor e respeito ao outro.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sinais que nos põem em alerta


            Assiste-se no âmbito da IPB a uma preocupante tendência advinda de certos discursos. O blog “tempora-mores”, por exemplo, de grande audiência não só na IPB, mas especialmente nela, até porque é a fonte de textos que frequentemente ocupam as indicações de leitura no site da própria igreja, postou dois textos defendendo de forma explícita a censura. O blog tece críticas a programações televisivas que não respeitariam decência ou moralidade, o que exporia crianças a exemplos de comportamento de exacerbada sensualidade, vocabulário reprovável, incentivo a vícios etc. No entanto, conquanto nós, do Princípio Protestante, sejamos amplamente favoráveis a uma regulação da mídia, não podemos deixar de apontar o perigo existente em uma defesa tão cristalina da ideia de “censura”. Se por mais não fosse, somente a associação que a palavra “censura” promove com a recente história brasileira em seus “anos de chumbo” já seria motivo suficiente para sua crítica. Censura é algo que se faz por meio da força, não do debate democrático, forma legítima de se lutar por programações televisivas de maior qualidade; é coerção de ideias e impedimento à livre manifestação individual (já legalmente reprimida quando incorre em crime). Censura, no Brasil, obrigou muita gente a se calar, a sair do país, a cercear sua manifestação artística. A defesa do uso do termo de maneira tão explícita só é possível para quem nutre simpatias com regimes totalitários, para quem, em nome da “moral e dos bons costumes” e dos “valores tradicionais da família” não hesitaria em apoiar um governo militar. Além disso, é flagrante a contradição desse discurso conservador, quando prega um Estado mínimo em questões econômicas – aquelas que, portanto, atacariam de forma frontal a gritante injustiça social em nosso país – mas defende sua presença de maneira impositiva em questões morais, como quando espera que ele legisle sobre o aborto e a censura.
            Um outro blog, dessa vez de Norma Braga, palestrante que ganha cada vez mais espaço em congressos promovidos por entidades evangélicas, postou um texto que trata o período da Ditadura Militar no Brasil como “um mal menor”, diante da ameaça de “terroristas treinados” que rondaria o país. Não faltaram comentários entusiasmados a suas ideias, o que mostra que o apoio à Ditadura no Brasil não está restrito aos círculos militares. Braga não deixou de criticar duramente os jovens que protestaram contra a comemoração realizada recentemente em um clube militar por ocasião de mais um aniversário da instauração da “revolução” de 64 no Brasil. Em seu texto, defende um debate sobre o tema da ditadura que não apele para radicalismos, mas não deixa de classificar gente como Fidel Castro de “demônio” e confessa nutrir “pouco, mas muito pouco respeito mesmo” por quem defenda ideais comunistas. 
            Junte-se a esses dois exemplos os discursos cada vez mais recorrentes sobre a “imoralidade nunca vista antes de forma tão desmedida” ou o “solapamento dos valores da família” e ainda “a escancarada perversão dos costumes”, frequentes em púlpitos e no programa “Verdade e vida” da IPB (queixas recorrentes em discursos moralistas de todos os tempos), e teremos a reprodução cada vez mais fiel do mesmo clima social que apoiou o Golpe de 64. Havia, na época, o mesmo clamor pelos “valores da família”, prato cheio para os milicos que se apresentaram como a salvação do país contra os “terríveis comunistas” que supostamente ameaçavam até mesmo a existência de igrejas cristãs. Não seria espanto que, hoje, militares descontentes e saudosos do tempo em que davam as cartas a seu bel prazer, encontrassem na IPB apoio irrestrito a um novo golpe militar.
            Irritados com o PT no governo, com a manifestação das minorias pelo reconhecimento de seus direitos, com as discussões sobre a legalização do aborto, os evangélicos, sinônimos, o mais das vezes, de conservadores, encampariam sem qualquer pudor um movimento que viesse, ainda que pela força, “moralizar” o país. Esperamos que 64 não ganhe vez novamente em nossa jovem e claudicante democracia. Por isso nossa manifestação.

sábado, 17 de março de 2012

Exercício do olhar


Gosto de poesia porque ela depura o olhar. Os poetas deveriam oferecer consulta para miopia da alma. É a pior que existe. Não perceber poeticamente o mundo é estar atolado nele, sufocado pelo peso imenso de uma realidade extremamente exigente e opressora. Quem fala isso é o Mário Quintana: Quem faz um poema abre uma janela./ Respira, tu que estás numa cela abafada,/ esse ar que entra por ela./ Por isso é que os poemas têm ritmo/- para que possas profundamente respirar./ Quem faz um poema salva um afogado. A linguagem poética liberta a palavra de seu uso corriqueiro de suas heranças discursivas, abre janelas, possibilidades de novas percepções do mundo, potencializando a capacidade de administrar e transformar os sentimentos, a vida.  
            Você deve estar pensando que esse assunto nada tem a ver com Teologia ou bíblia. Preocupante engano, queridíssimo leitor. A linguagem poética está presente em toda a Bíblia. A poesia aparece nas narrativas, nos salmos, nos livros sapienciais (Cantares, Eclesiastes, Jó), e nos livros proféticos. No Novo Testamento, está presente principalmente nas palavras de Jesus, o poeta camponês. Esses escritores do Antigo Testamento e Jesus tinham plena consciência de que a revolução do espírito humano deveria passar pela revolução da palavra. Por isso, tornaram-se precursores e mestres da linguagem metafórica, comparativa, poética. Compreendiam o peso da opressão em seu mundo e abriam janelas para o povo respirar.
            Um exemplo muito claro disso é a belíssima maneira como Jesus ressignificou o conceito “reino de Deus” ou “reino dos céus”. A herança discursiva dessa expressão era poderosíssima em sua época, pois traduzia longas expectativas político-militares de dominação. Para libertá-la de seu significado cristalizado e transformar seus ouvintes, Jesus improvisou alguns poemas-parábolas: “A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? É semelhante a um grão de mostarda que um homem plantou na sua horta; e cresceu e fez-se árvore; e as aves do céu aninharam-se nos seus ramos (Lc 13,18-19).”
            Por que Jesus não foi direto ao ponto? Por que não apresentou claramente seu conceito de reino de Deus? Porque pretendia conduzir o homem à percepção cristalina da presença libertadora de Deus na vida. Por isso, suas palavras e vida produziam o olhar da transparência. Além de abrir os olhos de seus ouvintes, Jesus queria com sua poesia enternecer, comover, tocar o ponto mais profundo da motivação humana. Que bela imagem a do reino de Deus como semente e árvore, onde os passarinhos podem se abrigar! Que alegria, que profunda motivação a parábola deve ter evocado no coração dos contemporâneos de Jesus, habituados e oprimidos pela visão de um Deus punitivo e discriminador!
            Se a linguagem e a perspectiva crítica da poesia são tão presentes e importantes na bíblia, por que o discurso religioso na Igreja Presbiteriana do Brasil está tão distante dela? Por que esse apreço pela repetição eterna das mesmas formas doutrinárias? A resposta não é simples, mas vamos nos arriscar a sugerir uma pequena parte dela. O discurso teológico de nossa amada IPB – e da maioria das instituições religiosas cristãs - repete insistentemente as mesmas formas doutrinárias, porque estas sustentam uma estrutura institucional e seus espaços de poder. É exatamente por isso que a teologia passou da linguagem literária (bíblica) para a dissertativa ou descritiva.
            As instituições naturalmente criam suas estratégias de manutenção e é natural e necessário que o façam. Mas quando elas silenciam as vozes poéticas, discordantes, provocadoras impedem a manutenção saudável e a transformação sadia de suas estruturas. Por que sempre os mesmos palestrantes em nossos congressos nacionais? Por que os mesmos articulistas em nosso site e jornal? Por que sempre a mesma forma discursiva e os mesmos pontos de vista? Por que as mesmas posições sobre o trabalho feminino nos órgãos oficiais? Onde estão as vozes proféticas de nossa igreja? Se elas são silenciadas sutilmente, é porque deixamos de ser essencialmente uma igreja Protestante.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Principio Protestante e o Protestantismo Histórico

O protestantismo histórico, nascido sob o ideal de liberdade pregou através da doutrina do Sacerdócio Universal de Todos os Crentes, que todo crente deveria ser livre para ler e interpretar o texto bíblico sugerindo a possibilidade da autonomia do fiel, para que este vivesse a fé de acordo com a consciência pessoal e não de maneira subserviente a uma instituição específica. Não obstante essa aspiração, na medida em que o protestantismo se concretizou, o ideal de liberdade se fragmentou dando lugar a cerceamentos por meio de mecanismos repressivos e inquisitoriais (característicos do obscurantismo contra o qual se opôs), que de certa maneira permanecem incorporados nele até hoje, como parte de seu modus vivendi. Com isso, o protestantismo, apesar da origem firmada no ideal de liberdade, se viu destituído da elasticidade necessária para sustentar os desdobramentos dele decorrentes; recorreu, assim, a mecanismos preventivos e defensivos a fim de preservar uma tradição que, não obstante o discurso original, acabou se constituindo como suficiente, infalível e final, gerando em si aquilo que outrora tentou eliminar em sua eclosão: a absolutização institucional.
Em seu livro Dogmatismo e Tolerância, ao tratar da relação entre protestantismo e comunidade, Rubem Alves recorre ao pensamento de Paul Tillich e faz uma intrigante afirmação: “talvez seja a hora de decidir pelo principio protestante, em oposição ao protestantismo histórico”. Intrigante por que essa afirmação nos leva a questionar: “O que vem a ser esse princípio protestante que se coloca como opção ao protestantismo histórico?” É preciso entender que, por “princípio protestante”, não se faz referência a um conjunto de dogmas, alguma confissão de fé em particular ou uma formulação teológica específica; tampouco o termo se refere a outro caminho, desvinculado da instituição. Por “princípio protestante” devemos entender o espírito de inconformidade que, presente na igreja no decorrer de sua história, foi e é responsável por fomentar transformações e resistir a todo tipo de abuso em que a instituição pode incorrer ao perder seu referencial. É a consciência ativa que se manifesta diante da absolutização do que é relativo, a voz profética, como os profetas do AT, por meio da qual “Deus, de dentro da religião,fala contra a religião.”
Assim, a opção pelo “princípio protestante” não significa deixar a instituição e seguir outro caminho, mas permitir que a força do Evangelho seja o crivo pelo qual nos medimos constantemente. Na prática, isso significa, como afirma Rubem Alves, a “vigilante oposição a todas as formas de absoluto, seja conhecimento absoluto, seja instituição absoluta, seja poder político absoluto...”; significa também não se dobrar às exigências do mercado evangélico, que em nome da interlocução com o mundo pós-moderno cria modismos vazios e repete as velhas fórmulas com novas roupagens; significa manter aquele sonho teimoso (utopia) de fazer da igreja um espaço de liberdade, de crescimento e de ampliação de horizontes e não subserviência à mera repetição do senso comum; significa o esforço por direcionar a ação da igreja para o mundo onde ela deve cumprir com seu chamado profético e diaconal; significa ainda a opção pela leitura honesta do texto sagrado, movida por um coração realmente desejoso de ouvir a voz de Deus que fala por meio dele. Enfim, o “princípio protestante” é a consciência norteadora que se opõe à absolutização institucional e que mantém acesa na igreja a consciência de sua verdadeira vocação.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Estamos mesmo dispostos a continuar nos reformando?


             Em uma de suas várias entrevistas, o teólogo católico Leonardo Boff afirmou que uma das acusações que lhe foram lançadas pelo Vaticano por ocasião do processo eclesiástico desencadeado pelo seu livro Igreja, carisma e poder foi a de que suas posições eram “protestantes e não católicas”. Quem leu o livro sabe das duras críticas que Boff lançou contra a constituição hierárquica da igreja, a concentração de poder na mão dos sacerdotes, a discriminação contra as mulheres no serviço eclesiástico. O que me chamou a atenção em sua entrevista, no entanto, foi a convicção dos católicos de que, na seara protestante, haja mesmo espaço para a postura crítica contra a própria instituição.
             Isso porque, pelos artigos que leio no jornal da denominação, em blogs de membros da Igreja (um dos quais fornecedor constante de artigos para a página eletrônica desse mesmo jornal), no programa Verdade e Vida, tenho a impressão de que há uma vigilância permanente contra qualquer mínima evidência do que possa ser considerado um desvio da norma, um alerta constante contra ideias que divirjam daquelas mais cristalizadas, uma ânsia por “enquadrar” o autor de uma crítica mais incisiva. Observo, em suma, um cenário em que a crítica não é bem vinda, e isso, é preciso dizer, é um mau sinal.
            Erigida sob o princípio reformado de que a igreja deve estar sempre disposta a se reformar, a Igreja Presbiteriana do Brasil deveria ser a primeira a reconhecer que essa reforma constante só pode brotar em ambientes de livre crítica, em que aqueles que ousam divergir da norma predominante não sejam vistos com desconfiança, mas acolhidos como elementos importantes para o dinamismo da instituição.
          As perguntas que lançamos a seguir podem servir como elementos para um diagnóstico: que acolhida estamos dispostos a dar, enquanto presbiterianos, àquele que defenda a ordenação feminina e aponte em sua negação uma discriminação contra o sexo feminino? O pastor que opte por outros métodos de interpretação bíblica que não o histórico-gramatical será olhado com simpatia por seus colegas que não abrem mão dele? Uma proposta de adoção de outras confissões de fé ou mesmo de revisões periódicas no corpo doutrinário adotado oficialmente pela igreja serão acolhidos como elementos importantes para a sanidade confessional da igreja ou receberão, antes, a ameaça da punição por desvio de conduta?
            O olhar desconfiado para as perguntas acima é revelador de uma situação que moldou com o tempo o modo de ser das igrejas reformadas, entre as quais a IPB se inclui: apesar do que diz nosso discurso, na prática não queremos nos reformar. Não gostamos de ser contrariados e não estamos dispostos a aceitar sob a mesma placa denominacional qualquer um que fuja às normas já estabelecidas.
            Não achamos que a menção às disposições legais previstas na Constituição da Igreja para a possibilidade de propor reformas seja suficiente. Falamos, antes, de um clima perceptível em debates, de um tom bastante agressivo em direção à diferença, de uma falta de espaço para a pluralidade de ideias, discursos, leituras, propostas. A IPB parece cada vez mais enrijecida em seu modo de ser. Onde fica, nela, o espaço para que se reforme? Não é necessariamente a impossibilidade legal da mudança o cerne do problema (embora a Constituição da Igreja seja bastante conservadora quanto a essa possibilidade), mas a ausência de um ambiente de livre manifestação de ideias.
            Na prática, agiríamos diferentemente da Igreja Católica se um de nossos membros escrevesse um livro criticando algumas posturas na IPB, como as elencadas acima (ordenação de mulheres, métodos variados de interpretação, discussão de aspectos doutrinários), as quais, diga-se, são apenas exemplos pinçados de exemplos que podem ser dobrados, quiçá multiplicados?
            Na época da Ditadura Militar no Brasil, ficou famoso o slogan que dizia “Brasil: ame-o ou deixe-o”. A mensagem era bastante clara: não pense em transformá-lo. Esses, no entanto, que queriam transformar o Brasil, nutriam um grande amor pelo seu país. Não vivemos uma ditadura na IPB, felizmente, mas o clima de desconfiança para com quem deseja transformações em seu meio não faz jus ao amor que todos, não apenas os conservadores, nutrem por ela.